Si naciste antes de los años 80 como yo, probablemente la escuchaste a Madonna eternizar esa frase en una canción. En aquel entonces, confieso que la cantaba de comienzo a fin sin entender mucho el porqué. Hoy, a los 42, la escucho y entiendo perfectamente. Madonna me enseñó la importancia de tener una voz antes aun de saber que era necesario.

Sentada para escribir este texto, me di cuenta de que recibí un regalo: descubrí que soy una mujer afortunada, porque siempre tuve referencias femeninas fuertes en mi vida.

Soy hija de una mujer criada para ser ama de casa. Una mujer fuerte, que no se conformó con eso: fue a la universidad, abrió un consultorio de psicología y crió a dos hijos mientras practicaba y daba clases. Que no se conformó con eso: se fue a hacer un posgrado. Que no se conformó con eso: antes de vivir el síndrome del nido vacío, se mudó de ciudad, de vida, y abrió una posada que hoy está entre las top 10 de un gran destino turístico en Brasil.

Soy afortunada porque vi y aprendí con mi mamá mientras ella hacía todo eso: pocas cosas son tan poderosas como el poder de las referencias correctas. Vi las dificultades, vi el prejuicio (pensá lo que habrá sido que dos mujeres construyeran una posada con 20 departamentos en el interior del interior de Minas Gerais) y la vi superarlo con resiliencia y sensibilidad.

Y soy afortunada porque tuve una oportunidad más de inspirarme en una mujer fuerte, esta vez, una jefa con la cual trabajé por poco más de 10 años. Empecé de chica con ella y me fui haciendo “gente grande”, observando los traspiés por los que pasaba y las soluciones que creaba: los hombres intentando excluirla de las conversaciones de negocios mediante el fútbol, por ejemplo. Y ella yendo a entender del deporte para poder conversar, de igual a igual, con sus iguales.

Soy afortunada porque tengo, en F.biz, una par que también es mujer, que conmigo intenta hacer por nuestras chicas lo que un día hicieron por nosotras: mostrar que el género no define la potencialidad. Y que usando la sensibilidad, la ingeniosidad y la persistencia, el sube y baja se da vuelta.

Y quienes no conocen la letra de la canción de la que hablé recién pueden verla acá: "What It Feels Like For A Girl"

A continuación, en su idioma original:

Se você nasceu antes dos anos 80 como eu, provavelmente ouviu Madonna eternizar a frase acima em uma música. Lá atrás, confesso que eu cantava ela inteirinha sem entender muito o porquê. Hoje, aos 42, eu a ouço e entendo em alto em bom som. Madonna me ensinou a importância de ter uma voz antes mesmo de eu saber que era preciso.

Sentada pra escrever este texto, realizei que ele me deu um presente: descobri que sou uma mulher afortunada, porque sempre tive referências femininas fortes na minha vida.

Sou filha de uma mulher que foi criada pra ser dona de casa. Uma mulher forte, que não se contentou com isso: foi pra faculdade, abriu um consultório de psicologia e criou dois filhos enquanto clinicava e dava aulas. Que não se contentou com isso: foi fazer pós-graduação. Que não se contentou com isso - e antes de viver a síndrome do ninho vazio, mudou de cidade, de vida, e abriu uma pousada que hoje está entre as top 10 de um grande destino turístico no Brasil.

Sou afortunada porque vi e aprendi com minha mãe enquanto ela fazia tudo isso: poucas coisas são tão poderosas quanto o poder das referências certas. Vi as dificuldades, vi o preconceito (pensa o que foi duas mulheres construírem uma pousada de 20 apartamentos no interior do interior de Minas Gerais), e a vi superá-lo com resiliência e sensibilidade.

E sou afortunada porque tive mais uma oportunidade de me inspirar numa mulher forte, desta vez, uma chefe com a qual trabalhei por pouco mais de 10 anos. Comecei pequenina com ela e fui virando “gente grande”, observando os perrengues que ela passava e as soluções que ela criava: os homens tentando excluí-la das conversas de negócios por meio do futebol, por exemplo. E ela indo entender do esporte para poder conversar, de igual pra igual, com os iguais dela.

Sou afortunada porque tenho, aqui na F.biz, uma par que também é mulher, que junto comigo, tenta fazer pelas nossas meninas o que um dia fizeram por nós: mostrar que gênero não define potencial. E que usando a sensibilidade, a engenhosidade e a persistência, a gangorra vira. Ah, se vira.

E pra quem não conhece a música da qual eu falei lá em cima, dá uma olhadinha aqui